quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

DESANDOU

Fábio chegou em casa. Passava das 21 horas. Felícia ergueu a sobrancelha. Calou.
Ele mordeu o canto da boca. Estava três horas atrasado. Esperava, ao menos, uma frase ríspida, uma indagação.
Felícia levantou-se do sofá, apanhou uma xícara de café, tomou um gole.
Fábio gelou. Esperou alguns segundos.
- Você não vai me perguntar nada?
A mulher continuava inerte. Não havia brilho no olhar.
- Não meu amor. O jantar está pronto.
Virou as costas e foi até a sacada. O vento forte anunciava a chuva que não demoraria a cair. Colocou a planta no beiral, respirou profundamente. Sentiu o vento levar seus cabelos com força e ao mesmo tempo suavidade.
- Vamos jantar? Estou exausta e louca pra dormir.
O homem sentou. A mesa já estava posta. Ela destampou a refratária. Macarrão.
- Macarrão sem molho??? Cadê o molho?
Ela o encarou profundamente, uma leve ironia se fazia presente.
- O molho? Desandou.

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